Caros jovens educadores, aqui é a Fabiana. Eu estava dando uma olhada nas perguntas de vocês e me deparei com uma da Vanessa. Então, resolvi responder a todos porque, provavelmente, vocês devem passar por essa mesma situação que está inquietando a Vanessa. Abaixo, a pergunta e logo após minha resposta. Espero que lhes seja útil.
Pergunta da Vanessa:
Hoje na aula o aluno João Vitor não estava a fim de participar nas atividades, eu insisti com q ele fizesse nas primeiras vezes devo continuar a fazer assim ou devo deixar com que ele se interesse?
Minha resposta:
Vanessa, pensa comigo: por que a gente se reúne numa sala de aula? É para aprender e ensinar alguma coisa, não é? Ou seja, estudar! É por isso que as salas de aula existem. E a gente estuda, aprende e ensina por meio das atividades e das conversas que acontecem na sala, não é?
Então, é isso que dá sentido à presença de alunos e professores numa sala: o trabalho que está sendo realizado. Imagina se você, como educadora, chegasse numa sala e dissesse: “Pessoal, hoje eu não estou a fim de propor nada para fazermos “. Não seria muuuuuuito estranho? Qualquer um na sala iria te responder: “Se você não está a fim de propor nada, o que você veio fazer aqui?” Não é isso que eles iriam te responder? Então, se uma criança te diz (ou se comporta como se dissesse): “Professora, hoje eu não quero fazer nenhuma atividade que vc está propondo”, da mesma forma você deveria responder a ela: o que você está fazendo aqui, então? É isso que as crianças precisam entender e é nosso dever, como professores, ensinar: elas precisam aprender que a sala de aula é um lugar de trabalho. É pra isso que as pessoas estão ali reunidas. E esse trabalho é estudar. E a gente estuda fazendo coisas, discutindo sobre aquilo que é feito…. Se um aluno não está a fim de fazer esse trabalho, não tem sentido ele estar ali presente, você me entende?
Eu tenho certeza que se você e todos os educadores disserem isso muitas vezes para os seus alunos, eles vão entender perfeitamente que não tem sentido estar numa sala de aula e se recusar a fazer aquilo que deve ser feito ali, ou seja: estudar. Se essa recusa for radical, ou seja, o cara não fizer nada mesmo, vocês têm algumas alternativas: a primeira é pedir que ele se retire do grupo, que fique isolado na sala mesmo enquanto os outros alunos fazem o que deve ser feito. De vez em quando (porque a docência deve ser sempre muito generosa), vocês podem perguntar a ele se ele já está preparado para voltar ao grupo. Se ele, além de não fazer nada, atrapalhar o grupo, vocês podem solicitar que ele vá para a sala da Coordenação e que fique lá até quando for necessário. E daí, quem estiver na coordenação garante que ele fique ali sentado, até que se sinta disposto a voltar e fazer o trabalho.
Vocês estão me entendendo? Sala de aula é lugar de trabalho. Assim como um baile funk é lugar de dançar, de se divertir, de ouvir música alta. Se alguém não está a fim de tudo isso, não deve ir a um baile funk, não é? Da mesma forma, se alguém não está a fim de estudar, não deve estar numa sala de aula.
PS: Espero que vocês tenham gostado da leitura do livro de Paulo Freire. Ele foi escolhido com muito carinho e especialmente para vocês porque é um livro muito profundo, mas muito fácil de ser lido. Se vocês quiserem, nós podemos organizar um momento especial para falarmos sobre a obra do Freire, um dos educadores mais porretas que esse mundo já viu. Eu conheço uma pessoa que poderia participar desse encontro conosco e tenho certeza que seria muito bacana.
É só combinarmos. Um beijo a todos.
Fabiana